sexta-feira, 20 de junho de 2008

Uma morte uma nova vida-capítuloI



Sempre que penso nisto, origina-me uma pergunta: “O que teria acontecido se a minha mãe não tivesse morrido?”. Não sei, mas de qualquer das maneiras, não foi isso que aconteceu. Eu tinha apenas 11 anos e a minha mãe morreu no dia 04/12/2007. Ainda me lembro quando me pediu que encontrasse a morada que estava escrita no papel que me entregou. Era a morada da casa do meu pai. Eu não vivia com o meu pai, nem tão pouco o conhecia. Desaparecera no dia seguinte ao meu nascimento. Por isso a minha mãe era a única que me sustentava. Graças a isso nós sempre tivéramos muitas dificuldades, todas sendo ultrapassadas. Menos a morte. A minha mãe deixara-me algum dinheiro, com que eu pude comprar pão para matar a fome depois do seu pobre funeral. De seguida fui procurar a morada escrita. Perguntei a várias pessoas, mas ninguém me respondeu. Todos me olhavam como um psiquiatra olha um louco, com desprezo. Lá descobri onde ficava, mas era demasiado longe para ir a pé. Foi por isso que apanhei um autocarro, gastando os meus últimos euros. Dentro do autocarro pairava uma nuvem de fumo mas, mesmo assim passados uns minutos de eu ter entrado, adormeci. Sonhei com o meu pai: Como seria ele? Alto? Moreno? Baixo? Gordo? Magro? Imaginei-o a chamar-me e a acolher-me. Fui acordada pelo motorista. Era a última paragem. A minha paragem. Quando saí do autocarro notei que haviam passado quatro horas desde que eu tinha adormecido. Era noite cerrada e estava imenso frio. Caminhei durante algum tempo até ir dar a um grande portão que mais tarde vim a saber que era de ouro. Estava entreaberto e por isso entrei. Havia uma pequena, mas larga estrada de alcatrão que continuava além do que a escuridão me permitia ver. Continuei a caminhar até começar a ver (não muito nitidamente) um casarão que se erguia pela noite dentro. Era um misto de monstruosidade e de elegância, com traços delicados e muito trabalhados. Um pouco a medo, aproximei-me e toquei na campainha. Esperei pouco tempo, e quando vieram abrir, apareceu-me um senhor de fato e laço que me perguntou:
- Boa noite. Em que posso ser-lhe útil? – Fiquei a interrogar-me se seria este o meu pai.
- Eu procuro o Sr. Miguel Novaes, ele vive aqui, certo?
- Sim, irei imediatamente chamá-lo. Entretanto pode entrar, se assim o desejar. – E desapareceu por detrás da porta. Eu puxei a porta, e espreitei: nunca tão bela casa os meus olhos tinham visto! Se por fora era linda, por dentro era lindissima! Haviam vários quadros a óleo e um belo tapete de veludo vermelho, que se desenrolava num largo corredor cheio das mais lindas decorações. Não havia um único espaço de parede que não estivesse preenchido com belas coisas! Acordei do meu “sonho” porque o senhor que me abrira a porta me chamou:
- Menina, o meu patrão diz que pode entrar. Ele está no escritório. É só ir sempre em frente e virar na segunda porta á esquerda.
Eu segui as instruções dele à risca e virei na segunda porta á esquerda que tinha gravado em ouro o nome “Miguel Novaes”. Era o meu pai. Bati á porta e quando me disse que entrasse rodei lentamente a maçaneta dourada. Com muita coragem e um longo suspiro, entrei. Dei de caras com um senhor sentado numa cadeira de veludo. Ele era alto, moreno, e tinha um ligeiro bigode negro.
- Senta-te. Diz-me, porque vieste aqui? De certo existe alguma razão.
-Eu… eu… - gaguejei – Eu sou sua filha. – A frase teve um impacto muito forte. Eu não queria que fosse assim. Mas foi. Estava tão nervosa que me saiu tudo de repente. Rebentei como um balão. O resultado da minha declaração, foi uma cara que parecia admirada e ao mesmo tempo confusa.
- A Minha Mãe era a Rita Alves, ela faleceu no dia quatro deste mês. Disse-me para vir aqui, disse-me que aqui te encontraria, PAI. – eu não percebia se me apetecia chorar de felicidade por ter achado o meu pai ou se me apetecia chorar por sentir tanta raiva dentro de mim: se o meu pai era rico porque não ajudara a minha mãe? Podia ter impedido a sua morte!!! Senti as lágrimas a chegarem-me aos olhos, e tentei fazê-las esperar, mas em vão. Ao assistir a esta cena, o meu pai levantou-se e abraçou-me. Como me soube bem aquele abraço…

Olá, bem-vindos!!!

Olá, bem-vindos ao meu blogue. Eu sou a Inês e criei este blogue para publicar uma história que estou a escrever! Vou publicando, capítulo a capítulo, e claro, espero que vocês me dêm algumas dicas! Espero que gostem!!!
Bjs da Inês